Foto e Texto: Pedro Máximo
Dona Dita Paneleira
O pedreiro Lininho dá o último retoque na colocação do busto de Dª Benedita Olímpia (Dita Paneleira) antes da inauguração. Dona Dita Paneleira como era conhecida, senão a última artesã era a última das paneleiras da região e trazia consigo uma arte dos antepassados indígenas. Mesmo com idade avançada não deixou de exercer sua função de artesã, continuou a modelar o barro e dar as formas de panelas, caldeirões, potes, cuscuzeiros etc. Até julho de 2011, mês em que falecera, aos 98 anos a nossa grande paneleira criou um grande legado para memória do povo cunhense se fazendo respeitar-se na vida e na arte.
Muito respeitada pelos artesões que aqui chegaram em meados da década de 70, e também pelos novos que foram se formando ao longo da história da cidade. Não só os artesões, mas todos aqueles que visitavam Cunha, ou aqui chegava para trabalho de pesquisa e a conhecia, logo se encantava com aquela pequena senhora, calma de fala mansa e com habilidade de grande mestra em dar forma ao barro transformando os em objetos de utilidade doméstica.
O respeito era tão grande que na impossibilidade de ir atrás do barro e queimar as suas peças devida sua idade avançada, os artesões da cidade faziam isso para que assim pudesse continuar sua arte milenar.
Num mundo voltado para as tecnologias e da cultura do descartável, os jovens de hoje não vêem nenhum motivo para valorizar, sentem vergonha e repuguinação ao rememorar o legado dos seus antepassados. Hoje, temos os valores morais deturpados, pela crise institucional e pela violência predomina principalmente no meio juvenil, isso nós deixa imobilizados e sem uma resposta para nos acalentar diante de nossas esperanças.
Nesse momento, o reconhecimento de Dª Dita e da arte que representava vem mostrar que precisamos acreditar mais na cultura e nas tradições do povo para levantar a bandeira de um mundo melhor, mais humano e menos descartável, que seja capaz de criar uma expectativa mais perene para o viver cotidiano frente a nossa própria identidade entre ontem, hoje e amanhã.
Pedro Máximo.
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