Texto : Professor e Pesquisador João José de OliveiraVelosso. Cedido gentilmente por Oswaldo Macedo do Jornal o Correio da Serra.
CORONEL MACEDO -
Foto: Pedro Máximo
Este artigo refere-se a uma das mais importantes personagens da história cunhense. Trata-se, portanto, de Antonio José de Macedo Sampaio – Coronel Macedo -, descendente direto dos povoadores portugueses André de Sampaio, Francisco José de Macedo e Manuel Lopes Figueira.
Filho do português, Francisco José de Macedo e de Mariana Francisca de Sampaio, nasceu em 23/01/1763, em Cunha, possivelmente na mesma casa que veio a ser sua futura residência, situada na atual Praça Coronel João Olímpio, n. 5, tombada pelo COMPHACC – Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultura de Cunha, pelo Decreto n. 021/06, de 01 de setembro de 2006, e que se ruiu no começo de 2010, transformando-se em espaço vazio; porém, pelas legislações de tombamento estadual e municipal, consta que deverá ser construído imóvel com a mesma fachada da construção original, no local.
O Coronel Macedo foi Cavaleiro professo da Ordem de Cristo e Fidalgo da Casa Real. Abastado senhor de terras, deu seu nome ao bairro intitulado Antonio José, ao lado do bairro do Bangu, cujas divisas seguiam até o mar; gozando o mesmo coronel de muito prestígio na região de Cunha e em Guaratinguetá.
Casou-se o Coronel Macedo com Maria Francisca de Novais Fonseca, de Paraty, em 19/11/1792. O casal não teve filhos, porém, consta que adotou algumas pessoas, dando-lhes o nome Macedo.
Foi cognominado na época “Comandante das Sete Vilas”, em razão de ter sido arrematante do contrato dos dízimos Reais do Distrito de Paraty e também das Vilas do Alto-Paraíba, cuja cobrança se realizava uma vez ao ano e encaminhada à Corte, sob forte guarda militar, uma vez ser ele coronel e comandante do Regimento de Infantaria de Milícias da Vila de Cunha. Era, ainda, o referido fidalgo Concessionário da Grande Sesmaria da Grota Grande, à margem direita do rio Mambucaba, no estado do Rio de Janeiro. Pequena parte no início dessa grande sesmaria, em Cunha, no estado de São Paulo, levou seu nome, como foi citado anteriormente.
O Coronel Macedo galgou os seguintes postos militares em Cunha, antes de o Regimento de Infantaria de Milícias ter-se criado aqui, em 1798, sob seu comando:
- Em 27 de dezembro de 1782, foi nomeado Capitão da 1ª. Companhia de Ordenanças da Vila de Cunha.
- Em 05 de janeiro de 1791, confirmou-se Sargento-Mor (uma espécie de dirigente da Vila) das Ordenanças da Vila de Cunha.
- Em 05 de novembro de 1797, confirmou-se Coronel e Comandante do Regimento de Infantaria de Milícias da Vila de Cunha, em janeiro de 1798.
Segundo pesquisas orais realizadas por cientistas sociais, na década de 1940, a fortuna pessoal do Coronel Macedo tinha sido inventariada em 820 contos de réis, em 1851. Em sua casa de grandes proporções conservava, em salas especiais, o ouro arrecadado dos dízimos imperiais, protegido pelos militares, uma vez que na própria residência do Coronel Macedo mantinha a sede do Regimento de Infantaria.
O Coronel Macedo e a Capela da Lapa.
Antes que o Coronel Macedo e sua esposa Dona Maria Francisca de Novais Fonseca terem edificado a Capela da Lapa, em 1837, onde hoje se localiza o mercado municipal e adjacências, o local era vazio e bem acima do nível da rua. Na esquina, bem à beira do grande espaço vazio, dizia a tradição oral da época, que, em frente da residência do Coronel Macedo, havia um nicho com a imagem de Nossa Senhora da Lapa. Toda a noitinha a escravaria, depois da árdua faina diária, se ajuntava na rua, sob a luz de velas para rezar, ante o nicho aberto com a imagem de Nossa Senhora da Lapa. Naturalmente que não somente os escravos rezavam – pessoas livres e devotas também.
Este fato procede, porque bem antes da existência oficial da edificação da Capela da Lapa, em 1837, pelo menos antes de 1805, por pesquisa realizada, a rua já se denominava Rua da Lapa.
Pena que a grande e importante capela construída pelo Coronel Macedo e esposa já estava em ruína, em 1907. Assim aconteceu com as nossas suntuosas construções seculares – elas também se deterioraram e se acabaram vagarosamente, devido ao desaparecimento de seus protetores, e ao desleixo das novas gerações.
João José de Oliveira Veloso
Centro de Cultura e Tradição de Cunha – dezembro de 2011
Fonte de pesquisa:
1) Veloso, João José de Oliveira. A História de Cunha – 1600 – 2010. Freguesia do Facão. A Rota da Exploração das Minas e Abastecimento de Tropas. Jac Gráfica e Editora, São José dos Campos – SP, 2010.
2) Shirley, Robert W. O Fim de uma Tradição: cultura e desenvolvimento no município de Cunha. Coleção Debates. Antropologia., Editora Perspectiva. Secretaria de Estado da Cultura, Ciência e Tecnologia. Tradução de João José de Oliveira Veloso. São Paulo, 1977.
3) Willems, Emilio. Cunha: Tradição e Transição em uma Cultura Rural do Brasil. São pulo, Secretaria da Agricultura, 1947.