sábado, 17 de dezembro de 2011

CORONEL MACEDO

Posted by Picasa Foto: Local onde foi construida a capela de Nossa Senhora da Lapa, hoje Mercado Municipal.




Texto : Professor e Pesquisador João José de OliveiraVelosso. Cedido gentilmente por Oswaldo Macedo  do Jornal o Correio da Serra.

 CORONEL MACEDO -
Foto: Pedro Máximo

Este artigo refere-se a uma das mais importantes personagens da história cunhense. Trata-se, portanto, de Antonio José de Macedo Sampaio – Coronel Macedo -, descendente direto dos povoadores portugueses André de Sampaio, Francisco José de Macedo e Manuel Lopes Figueira.
Filho do português, Francisco José de Macedo e de Mariana Francisca de Sampaio, nasceu em 23/01/1763, em Cunha, possivelmente na mesma casa que veio a ser sua futura residência, situada na atual Praça Coronel João Olímpio, n. 5, tombada pelo COMPHACC – Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultura de Cunha, pelo Decreto n. 021/06, de 01 de setembro de 2006, e que se ruiu no começo de 2010, transformando-se em espaço vazio; porém, pelas legislações de tombamento estadual e municipal, consta que deverá ser construído imóvel com a mesma fachada da construção original, no local.
O Coronel Macedo foi Cavaleiro professo da Ordem de Cristo e Fidalgo da Casa Real. Abastado senhor de terras, deu seu nome ao bairro intitulado Antonio José, ao lado do bairro do Bangu, cujas divisas seguiam até o mar; gozando o mesmo coronel de muito prestígio na região de Cunha e em Guaratinguetá.
Casou-se o Coronel Macedo com Maria Francisca de Novais Fonseca, de Paraty, em 19/11/1792. O casal não teve filhos, porém, consta que adotou algumas pessoas, dando-lhes o nome Macedo.
Foi cognominado na época “Comandante das Sete Vilas”, em razão de ter sido arrematante do contrato dos dízimos Reais do Distrito de Paraty e também das Vilas do Alto-Paraíba, cuja cobrança se realizava uma vez ao ano e encaminhada à Corte, sob forte guarda militar, uma vez ser ele coronel e comandante do Regimento de Infantaria de Milícias da Vila de Cunha. Era, ainda, o referido fidalgo Concessionário da Grande Sesmaria da Grota Grande, à margem direita do rio Mambucaba, no estado do Rio de Janeiro. Pequena parte no início dessa grande sesmaria, em Cunha, no estado de São Paulo, levou seu nome, como foi citado anteriormente.
O Coronel Macedo galgou os seguintes postos militares em Cunha, antes de o Regimento de Infantaria de Milícias ter-se criado aqui, em 1798, sob seu comando:
- Em 27 de dezembro de 1782, foi nomeado Capitão da 1ª. Companhia de Ordenanças da Vila de Cunha.
-  Em 05 de janeiro de 1791, confirmou-se Sargento-Mor (uma espécie de dirigente da Vila) das Ordenanças da Vila de Cunha.
-  Em 05 de novembro de 1797, confirmou-se Coronel e Comandante do Regimento  de Infantaria de Milícias da Vila de Cunha, em janeiro de 1798.
Segundo pesquisas orais realizadas por cientistas sociais, na década de 1940, a fortuna pessoal do Coronel Macedo tinha sido inventariada em 820 contos de réis, em 1851. Em sua casa de grandes proporções conservava, em salas especiais, o ouro arrecadado dos dízimos imperiais, protegido pelos militares, uma vez que na própria  residência do Coronel Macedo mantinha a sede do Regimento de Infantaria.
O Coronel Macedo e a Capela da Lapa.
Antes que o Coronel Macedo e sua esposa Dona Maria Francisca de Novais Fonseca terem edificado a Capela da Lapa, em 1837, onde hoje se localiza o mercado municipal e adjacências, o local era vazio e bem acima do nível da rua. Na esquina, bem à beira do grande espaço vazio, dizia a tradição oral da época, que, em frente da residência do Coronel Macedo, havia um nicho com a imagem de Nossa Senhora da Lapa. Toda a noitinha a escravaria, depois da árdua faina diária, se ajuntava na rua, sob a luz de velas para rezar, ante o nicho aberto com a imagem de Nossa Senhora da Lapa. Naturalmente que não somente os escravos rezavam – pessoas livres e devotas também.
Este fato procede, porque bem antes da existência oficial da edificação da Capela da Lapa, em 1837, pelo menos antes de 1805, por pesquisa realizada, a rua já se denominava Rua da Lapa.
Pena que a grande e importante capela construída pelo Coronel Macedo e esposa já estava em ruína, em 1907.   Assim aconteceu com as nossas suntuosas construções seculares – elas também se deterioraram e se acabaram vagarosamente, devido ao desaparecimento de seus protetores, e ao desleixo das novas gerações.


João José de Oliveira Veloso
Centro de Cultura e Tradição de Cunha – dezembro de 2011

Fonte de pesquisa:

1)      Veloso, João José de Oliveira. A História de Cunha – 1600 – 2010. Freguesia do Facão. A Rota da Exploração das Minas e Abastecimento de Tropas. Jac Gráfica e Editora, São José dos Campos – SP, 2010.
2)      Shirley, Robert W. O Fim de uma Tradição: cultura e desenvolvimento no município de Cunha. Coleção Debates. Antropologia., Editora Perspectiva. Secretaria de Estado da Cultura, Ciência e Tecnologia. Tradução de João José de Oliveira Veloso. São Paulo, 1977.
3)      Willems, Emilio. Cunha: Tradição e Transição em uma Cultura Rural do Brasil. São pulo, Secretaria da Agricultura, 1947.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Estrada de ligação entre Cunha Parati.































Fotos: Oswaldo Macedo
                                                                                       
                                                                                                  



Estrada de ligação entre Cunha e Parati

A estrada de ligação entre Cunha a Parati tem mais de Quinhentos anos de tradição e precariedade, antes trilhas dos Índios Tamoios, depois vieram os tropeiros, mais tarde os veículos, caminhões e ônibus, hoje tem uma importância não só econômica como estratégica para região.
Se levarmos em conta antes mesmo que algum aventureiro se dispusesse ir sertão adentro em busca das minas gerais, os índios tamoios já usavam a trilha para se locomover na região em busca de alimentos, ligando o litoral e a região conhecida hoje como vale do Paraíba. Depois veios os tropeiros com seus moares, e construíram suas passagens encima das trilhas indígenas, levando e trazendo mercadorias das minas gerais para o litoral e vice-versa.  Enfrentando todo tipo de interperes e as dificuldades da Serra do Mar, sem contar os obstáculos da Serra do Quebra Cangalhas nome originado das quedas que sofriam os muares carregados quebrando as cangalhas (ligação de Cunha a Guaratinguetá).
 Com industrialização apareceram automóveis , ônibus e caminhões que diariamente num sobe e desce, torna a estrada bastante movimentada ligando e transportando uma variedade de mercadoria, desde bananas, peixes, madeiras, aves, suínos bovinos, etc.
Na década de 70 com a construção do Rio Santos, tal rodovia perdeu significado caindo no abandono, só não digo no esquecimento porque as pessoas que usam fazem mutirões e tentam repara-la medida do possível, porque precisam dela para se locomover  na região. Nada foi resolvido, apesar da frequente reunião entre Prefeitos e técnico, procurando resolver o problema que está configurado em nove quilômetros dos 98 km de extensão que liga o litoral até a Rodovia Presidente Dutra, no Vale do Paraíba em Guaratinguetá.
 Hoje, a rodovia além da importância econômica e  estratégica para a região, já que é um dos pontos de fuga da população de Parati no caso de um acidente na usina nuclear de Furnas em Angra dos Reis.
Assim como sua importância é histórica, seus problemas também o são, já em 1858 o jornal “O Cunhense” cobrava cuidado maior com a estrada, devido má conservação e reclamava dos altos impostos cobrandos pelo império. Vemos que o tempo passou os problemas não, se os obstáculos da Serra do Quebra cangalha foram amenizados o da Serra do Mar continua tirando o sono e dificultando a movimentação dos usuários em busca de alimento, remédios e outros recursos que tanto necessitam no seu cotidiano.
        




Texto:  Pedro Máximo

domingo, 4 de dezembro de 2011